Picheleiros, empregadas e mudanças

O sr. António é o picheleiro mais alto e limpinho que conheço. Não conheço muitos picheleiros, é verdade, mas o sr. António é mesmo muito alto. E muito asseado também. Limpou o chão, não deixou vestígios, ficou tudo no sítio. Não conheço muitos picheleiros, talvez porque nunca me tenha cruzado com nenhum que valesse a pena recordar. O sr. António fala muito, é picheleiro e florista, também é eletricista e faz limpezas, contou-me muitas coisas, demasiadas coisas para quem anda quase sem dormir por causa de uma mudança interminável (não são todas?) e, a dada altura, deixou-me quase sem palavras: 

sr. António: sdfav n sdf  sdj empregada, você?

eu: (em silêncio - não percebi, será que ele perguntou se a empregada sou eu? Ou se não tenho empregada? De qualquer modo vai dar ao mesmo...) A empregada sou eu, sou.

sr. António: a minha mulher também é empregada...

eu: (em silêncio - bolas, agora ele deve ter ficado a pensar que eu sou empregada doméstica)

sr. António: trabalha ali, aos dias, nos prédios não sei das quantas, às terças de manhã e às quintas...

eu: (em silêncio - espera, talvez ele me esteja a querer dizer que a mulher é empregada e tem disponibilidade para vir cá a casa, caso eu queira; em todo o caso, é melhor ficar calada).  

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