Sou mulher de básicos, extravagantes discretos (como este vestido ou este, que são apenas uma gota num oceano monocolor e escuro) e muitos pretos, cinzas, azuis petróleo e brancos, alguns vermelhos. De vez em quando canso-me. E ouso naqueles sapatos naquele tom de cor-de-rosa que acho lindo, mesmo que depois seja o cabo dos trabalhos para os conjugar com o resto de um armário aborrecido. E também me atrevo numas calças verde água, mesmo que depois só consiga vesti-las com brancos e acabe por vesti-las muito pouco. Hoje o dia acordou cinzento, eu olhei para as calças de ganga e concluí que precisava de um dia de descanso - isto de ter um verão sem calor faz falta, a malta tem vestidos e não os pode vestir porque não está tempo para isso. Arrisquei, fiquei um bocado doida, misturei o rosa e o verde, camisola branca porque mais do que isso era demais. Blusão de ganga para o caso de arrefecer. O sol abriu, o calor continua sabe-se lá onde. Há que experimentar coisas diferentes com o que há lá por casa, até chegarmos à fase em que os senhores das marcas de roupa vão perceber que têm de reinventar todas as suas coleções por causa das alterações climáticas. Nem sequer estou a falar em roupa ecológica. A questão é que, se o verão já não existe, faria algum sentido pensar em roupa de meia estação que inclua, por exemplo, camisolas de mangas compridas (o que é feito das mangas, agora tudo é sem mangas, mesmo no inverno?), parkas com um forro nem demasiado quente nem demasiado frio, porque aquela coisa do casaco só para tapar a chuva que não precisa de aquecer porque é verão está completamente 'out'. Do que sempre ouvi falar foi do aquecimento global. Por aqui estamos em pleno verão desarrefecido (a palavra não existe, mas é mesmo assim que ele está). A maior parte da roupa que uso por estes dias continua a ser a que teria usado na primavera, se esta primavera não tivesse parecido inverno. Por isso é que aproveitei os saldos de verão para apostar numas botas pelo tornozelo - mesmo que a primavera pareça inverno e chova todos os dias, já não faz muito sentido usar botas até ao joelho. Agora é esperar que a compra super espetacular (69,90 euros de bota vieram ter aos meus pés por uns brilhantes 20 euros) não seja frustrada pela meteorologia.
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