Há dias perfeitos


A Panados e Arroz de Tomate escreveu um post sobre os dias perfeitos e o que eu retive foi a última parte: "No fim, mais duas horas a pesquisar personagens do Roque Santeiro e a cantar a banda sonora da novela. Há dias perfeitos, foda-se".

Eu tenho fases assim, em que para além das músicas dos filmes de dança que ouvia na adolescência e juventude, preciso de ouvir músicas de novelas. E cantá-las. E chorar, se for preciso. É como se fosse um exercício de libertação, de liberdade, de espantar medos, de voltar a acreditar no que na altura acreditava. 

Atualmente a televisão continua a escolher o que podemos ver, mas a diversidade de canais é tanta que podemos escolher muita coisa. Ou até gravar o que queremos para podermos ver quando estamos sossegados no sofá e nada do que está a passar naquela hora interessa. Quando eu era miúda, primeiro só existiam dois canais, depois apareceram mais dois. Eu via (víamos?) novelas brasileiras porque não havia outra coisa para ver. E porque aquilo é feito para viciar - depois do primeiro e segundo episódios, já estavamos "agarrados". Mais elas do que eles, admito. Se podíamos ler um livro em vez de ficar a olhar para a televisão? Podíamos. Mas em minha casa via-se a novela. 

Para mim, aquilo era mais do que uma história, era o outro lado do mundo, outro universo, que depois descobri melhor ao ler Jorge Amaro, por exemplo, e a ouvir Jobim, Caetano, Chico ou Rita Lee. 

Mas é às músicas das novelas que (talvez uma vez por ano, ou uma vez de dois em dois anos, não sei ao certo) preciso mesmo de ouvir. Rainha da SucataRoque SanteiroBaila Comigo, Água Viva, Guerra dos Sexos, Vale Tudo (se ouvirem as músicas vão-se lembrar), Tieta e muitas outras. Admito o meu total fascínio por duas das personagens interpretadas pela Regina Duarte (a viúva Porcina do Roque Santeiro e a Maria do Carmo da Rainha da Sucata), mas também era fã da Glória Pires, da Malu Mader e da Christiane Torloni.

Não é fixe, gourmet, cool e todas essas coisas que estão na moda atualmente? Não. Mas pode ser considerado vintage, Pouco me importa. Há dias perfeitos, carago.

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