O nome dele está na lista há já há umas semanas e foi uma alegria. Entra com cinco anos no 1º ano do 1º ciclo. A professora recomendou, que seria um desperdício mais um ano no pré-escolar. Não meti nenhuma cunha. Faz anos em novembro, a escola pública onde o inscrevi foi a mesma onde frequentou o infantário e tinha vaga. Pelo que percebi, até tinha vaga para mais.
Por isso, ele acaba por entrar na primária no mesmo ano em que os filhos de todos os meus amigos - e quase todos nasceram um ano ou alguns meses antes dele. Ele anda todo entusiasmado. Depois de alguns incidentes de beyblades desaparecidos e empurrões e murros junto à primária, ficou proibido de andar nas imediações. O fascínio aumentou, claro.
Ele não faz ideia do que o espera, mas não sei se algum de nós sabia. Quanto a mim, está a tornar-se assustador. Talvez apenas agora comece verdadeiramente a sentir-me adulta. Para lá de tudo o resto, agora tenho de ter um mínimo de competências para o ajudar a fazer trabalhos de casa.
Ontem fui visitar o ATL e perguntei-lhe se sabia o que era isso. Disse que não. Expliquei-lhe. Estou quase certa de que não percebeu. Não insisti, que a criança entrou hoje de férias e ontem já me estava a dizer que a avó que foi professora primária, com quem vai passar parte do verão, vai ajudá-lo a fazer alguns trabalhos. Reivindiquei que só se fossem muito pouquinhos, que está de férias, que tem é de brincar.
Quanto ao ATL, posso lá deixá-lo às 8h e ir buscá-lo às 19h. Agradeço a disponibilidade, o Estado (esse grande amigo) sabe que a malta precisa (porque foi assim que foi estruturando a sociedade, mas isso é o meu ponto de vista, porque, na verdade, a culpa é das mulheres que decidiram trabalhar e ter carreiras e sair tarde do emprego) e a ideia que tenho é que estes horários foram reivindicação de anos de muitos pais.
Mas, por muito que precisemos de trabalhar e de ganhar dinheiro para dar de comer às crianças e para a produtividade e o raio que os parta... nenhuma criança merece passar tanto tempo enfiada na escola. "Ajudamos a fazer os trabalhos de casa [por acaso até agradeço] e depois temos várias atividades [sim, sei, é como na pré, fazem uma lista a falar de expressão dramática, expressão musical e outras expressões diversas e depois só vejo desenhos e coisas do género; se ao menos lhes ensinassem música e inglês e teatro, isso sim, são formas de expressão...]".
Depois dizem que os pais não se envolvem na escola, que não querem saber, que deixam tudo nas mãos dos professores. Há de haver muita gente que o faz erradamente, sem razão e pelos piores motivos, que podem ser apenas não perceber que os pais também tem de fazer trabalhos de casa. Mas, com estes horários, numa cidade grande, com o tempo que se demora no trânsito, ou os banhos e os jantares aparecem feitos por magia ou ninguém tem tempo para respirar.
Foi-se o dinheiro, o esbanjamento, levam-nos o couro e o cabelo, voltam-se os discursos para algo a qualidade de vida, que é algo que parece não ter preço mas que é bastante valioso. Com estes horários (que fique claro, o problema não é o horário dos ATL, é o dos trabalhos dos pais), continuem à espera de famílias envolvidas, com qualidade de vida, e com vontade (e possibilidade) para terem mais filhos.
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