Ecologia e ética a sério?

Há dias assim, em que não gosto de nada. Vou à procura de saldos e tudo me entristece. A coleção de verão está uma pobreza, sobram algumas t-shirts, umas camisas de ganga giras mas demasiado compridas para o meu gosto, as calças pretas que ali estavam antes das promoções já desapareceram, da "nova" coleção que ainda não é de outono ou inverno porque ainda é tudo muito fresco apetece fugir, demasiado escura (a sério que as coleções de outono e inverno têm de ser sempre tão tristonhas?). Ainda assim insisto nas calças, mas nada ajuda. Só tem estas calças no tamanho XS e no L? "Só." Rica resposta, penso, tão lacónica, vê-se que está cheia de vontade de vender. Ensaio uma tentativa de diálogo: Pois, o XS não me deve servir, o L deve ficar grande. "Para si, tem de ser o M". Lacónica outra vez, a chata. Até podia ser tamanho S ou XL, mas de que me serve ter uma nova coleção apenas com dois tamanhos e uma vendedora que, em vez de me seduzir com alternativas, resolve ficar na dela?

E nisto ponho-me a pensar no que me disse a Mãe que Capotou numa das entrevistas WHAT' S IN YOUR CLOSET: "Não tenho uma loja preferida, mas gostava muito de encontrar uma que tivesse a mesma roupa que tenho no armário, mas em bom estado e com a garantia de ter sido feita de forma ética e ecológica. Tenho andado à procura de informação de como as roupas são feitas e tem sido muito difícil satisfazer esta "estranha" curiosidade. Existem muitos argumentos para nos explicarem que uma determinada peça é o ideal para a nossa imagem, mas quase nenhum para nos convencer que é o ideal para a nossa consciência ecológica ou humana. Não é fácil vestir-se e dormir descansada nos dias que correm".

Consciência ecológica e ética nas marcas. Sim, podia procurar informação sobre isso e sobre o que é alternativo às massas. Das segundas tento falar várias vezes no blog mas, para serem verdadeiras alternativas, precisavam de ter preços mais simpáticos e estar tão próximas das pessoas como as outras. Mesmo tendo em conta a (pequena) dimensão do país, disso não encontro, lamento. Soma-se a isto o facto de cada um ter os seus gostos. Uma marca que se apresente como alternativa agrada a minorias, não a todos. 

Quanto à ecologia e à ética, sei que são cada vez mais as marcas a apostar nestes fatores. Ao ponto de todas, mesmo as grandes marcas e as marcas das massas o quererem fazer. Contudo, quando chega a esse ponto já começo a duvidar das intenções. O que empresas perceberam foi que a consciência ecológica e ética vende: cada vez mais pessoas estão preocupados com isso, pelo que há que abrir caminho para esse novo apetite consumista. Se isso as torna mais ecológicas e éticas e mais aptas a contribuir para um mundo melhor, ótimo. Mas há limites para o engano: há dias entrei numa loja "de shopping" e em todas as etiquetas vi um simbolo que identifiquei como sendo de preocupação ambiental. Até nos acessórios ele estava e, a sério, o que pode ter de ecológico um colar ou um anel que parecem ser de metal?

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