Estrear sapatos sem calçado de reserva não, obrigada



Há pessoas mais sensíveis do que outras e eu tenho um problema com calçado novo, é verdade. Gosto muito de sapatos, sandálias, sabrinas, sandálias e tudo o que seja para enfiar nos pés mas, salvo casos raros, tudo o que compro magoa-me no primeiro dia de utilização. Se o que estiver em causa não forem sapatilhas ou botas de inverno (julgo que é o facto de as usar com meias grossas o que as coloca na lista de exceções), é certo que fico com os pés terrivelmente apertados ou com bolhas: no calcanhar, nos dedos, nos sítios mais improváveis. Até os sapatos mais insuspeitos me fazem bolhas: espreitem só o link para este artigo que ainda recentemente escrevi sobre umas botas que nem eu diria que podiam dar-me cabo dos calcanhares. 

Se forem umas sandálias pode acontecer-me o mesmo, embora seja com as sabrinas que o caso mais se agrava. As que tenho em casa são anteriores ao nascimento do meu filho e deixaram de me servir (o pé alargou, ou eu deixei de o conseguir ter apertado, não sei). Volta e meia calço-os, mas magoam-me, desisto, volto a guardá-los. Já tentei um número maior mas o 37 aperta e o 38 fica largo. Desisti. Até ontem, 

Enfiei os pés numas sabrinas da Lefties (ou seja, bastante em conta, para não dizer baratas), ligeiramente pontiagudas às risquinhas pretas e brancas (tentador, certo?). Nem apertavam nem ficavam largas. É mesmo isto. Claro que tinha de as usar já hoje, ainda que com meias transparentes, não fossem as ditas fazer-me bolhas nos pés descalços. Ainda pensei enfiar na mala do carro alguma coisa que pudesse substituí-las para o caso de o nosso relacionamento dar para o torto, mas a coisa correu tão bem enquanto andei a cirandar com elas em casa que acabei por me esquecer. 

Erro fatal: nunca, mas nunca, se deve estrear calçado para ir trabalhar com a perspetiva de caminhar fora do escritório sem ter na mala do carro ou numa mochila alguma coisa para enfiar nos pés, para a eventualidade de a combinação pés + sapatos novos dar para o torto. Hoje correu muito mal. Tão mal que estava a ver que não conseguia regressar ao trabalho. O raio das sabrinas às risquinhas fizeram-me bolhas nos dedos mindinhos e só não fizeram o mesmo em mais sítios porque tive de me arrastar até uma farmácia para comprar uns pensos tão caros que quase davam para outros sapatos. 

Cheguei ao escritório e descalcei-me. Assim teria permanecido se não tivesse de sair outra vez em trabalho. Podia também ter resolvido o problema (sim, eu sei, parece que nós, mulheres, arranjamos problemas em coisas de nada e no fundo é um bocadinho verdade, mas experimentem ter os pés feitos em frangalhos e cheios de dor para ver o que custa) com umas chinelas que alguém viu numa loja a quatro euros, mas possivelmente nunca mais as ia enfiar nos pés. 

Optei por comprar uma coisa de que gostava, mais clara, evidentemente, mas que me há-de servir para o verão todo: umas sandálias brancas da Igor, que são mesmo iguais a umas Melissa Fox pelas quais me apaixonei há um ano mas que nunca comprei. Contas feitas, o barato saiu caro. O problema maior foi, no entanto, a falha na precaução: jamais te enfies nuns sapatos novos num dia de calor sem ter uma boa alternativa guardada por perto. Podes acabar cheia de bolhas a ter que comprar o que nem querias (ou querias e não devias).




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