Era uma vez um vestido


Eis o vestido que devia ser para eu ir a um casamento no início de agosto de 2015, mas que foi comprado numa oportunidade imperdível em meados setembro de 2014 e que, entretanto, se revelou desajustado. Até arranjava sapatos (altos ou baixos) para o acompanhar. Até conseguiria dar voltas suficientes para encontrar um casaco que combinasse, apenas para precaver a possibilidade de estar frio no dia da boda. Acontece que, quando o experimentei, estava com as pernas bronzeadas. Agora tenho pernas de inverno. E por muito sol que apanhe até agosto, já não me consigo livrar desta sensação de "este-é-um-vestido-demasiado-curto-nem-por-sombras-vou-conseguir-vesti-lo-sem-umas-meias-opacas-por baixo". 

Ok, talvez até lá conseguisse ganhar outra cor para controlar o embaraço de ter tanta perna à mostra. E talvez também pudesse tentar encontrar uma costureira jeitosa (a minha tia) para me acrescentar um bocado de tecido ao vestido (para desfazer bainha não dá, que a marca foi somítica e não deixou nada de sobra). Mas a aversão já estava criada, já o tinha experimentado 500 vezes para me convencer que sim, aquele era o vestido que devia levar ao casamento porque foi o que comprei para isso, e o único e forte sentimento que isso me provocou foi "odeio casamentos". 

Ora, eu não quero ir a um casamento com um vestido que me faz odiar casamentos. E, mesmo que lhe ponha mais pano, e apesar do tule a dar-lhe um toque especial, tenho de reconhecer: fiz uma escolha errada. Quem nunca fez que atire a primeira pedra, e quem a fez apesar dos alertas sábios do companheiro do sexo masculino pode atirar outra, porque se há coisa que não posso dizer é que não fui avisada de que o vestido não chegaria ao dia do casamento. Consegui aguentá-lo seis meses e isso foi uma grande vitória. Mas a partir do momento em que parti para o "vou experimentar outra vez para ter a certeza e ver se é preciso ajustar alguma coisa" que a nossa relação mudou (a minha com o vestido).

Prefiro combiná-lo com ganga e com sapatos oxford e usá-lo no dia-a-dia (fotografia em baixo). Ou com uma malha e umas sabrinas. Mas levá-lo ao casamento não. Um dia destes mostro a alternativa. Pode nem ser "tão-tão", mas é mais a minha cara.  


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