A ideia necessidade surgiu bem antes de eu conhecer o projeto Um ano sem Zara. Fim de janeiro, conta bancária quase a zeros, zero de roupa nova, não havia alternativa. O mesmo zero para os sapatos e para as carteiras e para os casacos e para tudo o que estivesse relacionado com moda. Um gancho que fosse. Proibi-me. A roupa que tenho no armário é muita. A que me serve nem por isso. Sapatos também tenho muitos, mas uso quase sempre os mesmos. Sapatilhas e afins, de preferência em tons escuros, que sabrinas e sapatos abertos são pouco compatíveis com o tempo instável do Porto. Ou eu sou incompatível com frio e chuva nos pés, mesmo no verão (como se se pudesse chamar verão a isto), que aqui pode estar um belo dia de sol e, de repente, ficar tudo nublado, arrefecer, cair um aguaceiro.
Não pensei fazer um blog a contar a experiência dos meses que vou passar sem compras, como fez a Jojo, porque já tinha este. Quando descobri Um Ano sem Zara também me pareceu muito mal copiar a ideia, sobretudo porque estava muito bem feito. Com fotografias profissionais tiradas a uma menina de uns olhos azuis invejáveis que arrumaria qualquer outra que tentasse colocar-se por trás da objetiva. E este blog também já tinha surgido por causa de problema semelhante: já que não posso ser designer, que talvez fosse o que eu gostava mesmo de ser, já que não posso ter uma loja, que talvez fosse o que gostava mesmo de fazer, já que não posso comprar tudo o que me apetece, já que todos os blogs de moda são bem mais clássicos do que o meu gosto pessoal, então vou mostrar um bocadinho daquilo de que gosto. Se não posso ter, posso conhecer, descobrir, divulgar, mostrar.
Talvez tenha chegado a este ponto porque passei demasiado tempo à procura de mim mesma e do meu estilo, a oscilar de peso como quem muda de camisa, a comprar roupa nova ao mesmo ritmo que engordava e emagrecia. Não sei se vos acontece/aconteceu/acontecia, mas nem quando engordava nem quando emagrecia voltava a vestir exatamente o mesmo tamanho que vestia antes de emagrecer/engordar. A maior parte da roupa que não dei foram os tamanhos maiores. Acresce que, sempre que engordava achava que nunca mais ia voltar a emagrecer, que nunca mais ia caber naquelas calças, preferia livrar-me delas para não me deprimir. Entretanto comprava outras, e outras, e saias, e camisolas, e casacos e tudo o que agora me fica a boiar. Também comprava sapatos e carteiras, mesmo muitos, quase por vício. Tinha dinheiro para isso, claro. Ainda assim gastei demasiado. Mais do que o aceitável. Até que um dia, corta daqui, corta daqui, inflação aqui, inflação ali, o dinheiro acabou (maneira simplista de contar a história, mas não é isso que interessa agora).
Depois de seis meses sem compras, fui às compras. Três t-shirts a menos de 3 euros cada para o meu filho e diversos pares de meias para um pé que não pára de crescer (já estamos no ponto de eu não conseguir perceber de imediato quais são as meias dele e quais as minhas). Se me custou não comprar nada? Hoje, por acaso, não. Nos últimos tempos também não. Talvez uma pessoa se habitue, àquele sentimento de deixar de compensar frustrações com coisas novas no armário. Porque a frustração passa no momento mas depois volta. Porque afinal aquela camisola não fica tão bem com aquela saia e o melhor é comprar outra, e já agora também o que era mesmo perfeito para o conjunto era ter aqueles sapatos e por aí fora... Todas sabemos que isto é um caminho sem retorno, certo? Quase todas, pelo menos?
Pois agora prefiro remediar com o que tenho no armário, e tudo o que tenho é mais do que suficiente. Nem sequer uso tudo. Perdi tempo para perder horas a experimentar combinações de roupas/sapatos/carteiras/casacos/acessórios. Nem sequer o tenho só para a parte das roupas. Portanto jogo pelo seguro, o que significa não ousar muito nas variações, sobretudo quando tenho de acordar cedo e despachar-me rápido, mas não quer dizer pasmaceira. Às vezes, aquela peça que andava perdida e que não usava há anos transforma-se num achado. Porque encontra a combinação certa. Sem esforço. Não há grandes segredos para variar quando o armário está sempre cheio do mesmo, mas os acessórios ajudam muito.
Quanto aos meus seis meses sem compras, pensei sinceramente que a carteira sentiria muito mais a diferença. Precisava, isso isso, de arranjar destino para tudo o que não me serve e está em excelente estado. Se tivesse uma menina, guardava para ela, era sucesso vintage garantido (o vintage vai ter alguma piada daqui a uns 20 anos?). Como não tenho, o que me resta é roupa que não me serve e que podia servir a outra pessoa.
Pois é também já tinha comentado que estava na mesma fase, não comprar nada novo e olhar melhor para as peças no armário. As oscilações de peso compreendo-as bem sem bem que as que tenho não faziam diminuir em tamanhos e por esse prisma não me livrei de roupa. Livrei-me sim de peças com ar gasto, velho, sem cor e wsem qualidade. Nesse momento a decisão foi deixar de comprar peças baratas. Depois vendo peças melhores engoli em seco e pensei 1 peça boa por estação. Até cheguei ao armário e decidi não comprar nada o máximo tempo possível. Tenho consegui cumprir, tive mais de meio ano sem comprar roupa para mim (mas comprei para os filhos). Só este mês é que voltei a comprar algo, um vestido com 40% decontos com mais um vale de 10 euros que tinha para descontar. E o vestido é de boa qualidade e irá durar bastante tempo.
ResponderEliminarFoi assim um bom investimento. Noto diferenças em mim já consigo conjugar mais coisas e começo até a arrojar mais na conjugação de padrões e cores e estou mesmo feliz por isso. Basta olhar o armário com mais atenção. Tento diversificar nos sapatos e nas carteiras algumas que tenho à anos e que eram pouco utilizados. Por fim um comentário sobre partilhares a tua experiência sem compras...não acho nada que fosses imitar algo que já existe como um ano sem zara. Certamente irias criar um estilo teu de apresentação e escrita. Olha eu tenho um blog de receitas e coisas criativas...e tantos blogs que há...mas eu faço da forma que gosto, coloco ao meu jeito e só isso faz ser original pois é só teu. Por acaso gostava muito que mostrasses as tuas conjugações de roupa no teu blog, porque não? Espero ter-te "picado" um pouco ;). Beijinhos e bom fim de semana!
ResponderEliminarFotografar-me nem pensar - demasiada produção e exposição pública. Já fotografar as conjugações, talvez. Falta-me arrumação, no geral, e arrumação para tornar a coisa simples e rápida. "Picaste-me", sem dúvida. Já andava a pensar nisso. Mas eu sou de repentes. Também já andava para escrever este texto há séculos e foi num repente. Durante o fim de semana vou refletir sobre como fazer a coisa de forma prática.
ResponderEliminarJá tentei postar este comentário três vezes. Está a implicar. "Picaste-me", sem dúvida, até porque já andava a pensar nisso. Precisava de me organizar e de arranjar uma forma prática e rápida para fotografar os coordenados. Fotografar-me a mim não - demasiada produção e exposição pública. Sobre o resto vou pensar no fim de semana. Mas eu sou de repentes. Andava para escrever este texto há séculos, até chegar o momento em que saiu. Pode ser que, com as fotos, seja a mesma coisa.
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