Os carros param em segunda, terceira e quarta fila, em cima dos passeios e de riscos amarelos, nas curvas, em sítios onde é óbvio que vai incomodar e até, quem sabe, provocar acidentes. Param onde calha desde que sobre um buraquinho para os outros circularem. Às vezes nem isso. E é por isso que grande parte das ruas de duas faixas têm, na prática e quase permanentemente, apenas uma. Às vezes, o que sobra até é uma chicane, e não é só à porta das escolas.
O Porto não tem um problema de trânsito, tem um problema de estacionamento. Em segunda, terceira e quarta fila, em cima dos passeios e riscos amarelos, nas curvas, em sítios onde é óbvio que vai incomodar e até, quem sabe, provocar acidentes. Os carros param onde calha, desde que sobre um buraquinho para os outros circularem. Às vezes nem isso: é só um minutinho, tenho mesmo de descarregar estes vinte vidros com o carro parado no meio da rua, não faz mal, a malta é pacífica e espera, que remédio.
À conta do "é só um minuto, nem sequer incomoda muito", grande parte das ruas do Porto com duas faixas têm, na prática e quase permanentemente, apenas uma. Às vezes, o que sobra é mais uma chicane: os automóveis estacionados onde não devem alternam entre o lado esquerdo e o direito da faixa de rodagem. Quem circula que ande aos ziguezagues, perdendo tempo a ficar constantemente preso atrás de carros mal estacionados, para mais à frente ser retido na faixa do lado.
Não me atirem com o argumento de que o problema são os paizinhos que só não estacionam os carros dentro da escola porque não podem. Também já pensei assim, até ter um filho na creche com quatro meses e precisar de deixar o carro mal estacionado porque não, não havia alternativa. Se podia ir de transporte público? Podia, mas a distância da paragem mais próxima era tanta que, em caso de chuva (coisa que, por acaso, nem sequer é rara no Porto) ou o molhava todo ou me molhava toda ou, quase de certeza, nos molhava aos dois. Transportar cadeirinhas ou carrinhos de bebé e demais acessórios não é lá muito compatível com o uso de guarda-chuva, não sei se sabem. A verdade é que podemos todos andar de transporte público, mesmo quem não tem filhos, não é? Nem percebo porque é que tanta gente continua a usar o carro. E a deixá-lo mal estacionado.
O problema não são os paizinhos, são as escolas do Porto e respetivas imediações: quando foram construídas não havia tantos carros e nunca ninguém se preocupou em tentar ajustar a situação à evolução dos tempos. E o problema não é, de todo, exclusivo das zonas escolares. Na rua da Boavista, por exemplo, há carros em segunda fila junto ao colégio, é verdade, mas também os há pelo resto da rua. E até é aí, mais abaixo, que as viaturas alternam a paragem entre o lado direito e o esquerdo da estrada, às vezes com um ou dois metros de distância. Ao menos arrumavam-se para o mesmo lado, sempre era mais fácil.
Na rua do Almada não há nenhuma escola e os carros estacionam diariamente dos dois lados da rua, quando o aparcamento só é permitido num deles. Há, aliás, riscos amarelos bem visíveis do lado esquerdo e os carros estão lá parados todos os dias. Como estão onde mais calhar e for preciso.
O problema do estacionamento junto às escolas existe e devia ser resolvido. Mas há muito mais quem estacione fora do sítio. O problema do Porto não é o trânsito, é muito mais a falta de estacionamento, que enerva quem precisa de parar o carro e não encontra onde, conduz ao estacionamento indevido, atrapalha a circulação, bloqueia quem quer passar e faz com que tudo na nossa vida de portuenses demore muito mais tempo do que a nossa felicidade merece.
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