Ela tem bastante estilo, mas também uma das melhores gargalhadas e sorrisos do mundo. E sabe disso tão bem que fez questão de nos deixar o alerta: "Um sorriso sincero e uma gargalhada na ponta da língua são o melhor dos acessórios que podes trazer vestido". Não se trata de vaidade, apenas da certeza de que é isso o que mais importa.
Luísa Pinto foi jornalista do "Público" durante 14 anos, no fim de 2011 teve de abandonar o jornal quando decidiu fazer uma volta ao mundo com o marido e com a filha, de 5 anos. No regresso, diz que aprendeu a dar valor ao essencial e que agora é "quase minimalista". Ainda gosta muito de lenços, saias e vestidos, mas já não os compra. Antes da viagem, "não resistia a um saldo ou a uma promoção", agora está “curada”. A viagem "foi o melhor estágio possível para esta penúria a que nos votou o ministro Gaspar", assegura. Para a aprendizagem contou o facto de ter passado por muitos países onde a roupa era mesmo barata sem cair em tentação, porque comprar significava ter de a carregar. No regresso a Portugal, aos 37 anos, a prática é a mesma: Luísa só gasta dinheiro naquilo de que precisa.
Sem emprego, Luísa continua jornalista. "E agora blogger". Em www.pikitim.com, Luísa continua a publicar crónicas da volta ao mundo em família, bem como dicas e propostas sobre viajar com crianças. "Mandei o emprego às urtigas e realizei o sonho", garante. A viagem não foi só importante pelos sítios que visitou, porque foi uma viagem ao interior dela mesma. "Deu-me tempo para me conhecer, para olhar para mim - um exercício a que sempre fugi", descreve.
A fotografia da Luísa foi tirada pela filha, cujo "petit nom" é Pikitim, nas ilhas Cook.
1. Qual é o primeiro momento do dia em que pensas na roupa que vais vestir?
Quando saio da cama e me enfio debaixo do chuveiro.
2. Preocupas-te com isso ou vestes a primeira coisa que te aparecer à frente?
Não é propriamente a primeira coisa que me aparece. Mas não me preocupo demasiado. Penso nisso quando estou no chuveiro, vou idealizando o que terei pronto para vestir. Agora, que estou a trabalhar em casa, estou ainda mais preguiçosa. E não me preocupo se estou a vestir a mesma roupa dois dias seguidos. Aliás, porque não? Não gosto de voltar a arrumar roupa já usada, e andar com ela um dia não quer dizer que tem de ir direta para a máquina. Quando ia todos os dias para a redação do jornal tinha mais essa questão em conta. E comprei pela primeira vez um fato, assim, à executiva, preto, como não podia deixar de ser, quando comecei a trabalhar na secção de Economia. Senti falta dele quando comecei a ir a recepções com empresários, embaixadores, diplomatas e afins – com um simples fatinho preto, eu nunca me comprometo, adaptação livre da grande Ivone Silva.
3. Qual a tua principal preocupação estética antes de sair de casa? Não sair maquilhada ou ter a certeza de que não te esqueceste de nenhuma peça de roupa fundamental?
Ver se não tenho “foguetes” nas meias...
4. Preocupas-te em aplicar cremes, maquilhar-te, pintar as unhas, arranjar o cabelo, etc.?
Aplicar creme na cara. A minha pele do rosto é irritantemente sensível. Não faço peelings, hidratações, esfoliações e mais no sei o quê de que o Ricardo Araújo Pereira falava aqui há dias no Mixórdia de Temáticas. Aliás, a zona T do meu rosto é a zona que menos me preocupa.
5. Qual é o teu estilo?
Gosto de cores. Gosto de botas. O que não quer dizer que gosto de botas muito coloridas. Enfim, acho que não tenho um estilo. Gosto de foulards e de vestidos. Visto tudo: desde o desportivo até ao formal. Mas, na verdade, como me sinto melhor é com roupa casual e urbana.
6. Como é o teu armário? Cheio, arrumado, desarrumado, caótico?
Desarrumado. E (ainda) cheio. Só já não está caótico porque despachei muita coisa. Fiz uma venda de garagem com amigas antes de partir de viagem, e dei muita roupa que já não vestia. Mas ainda lhe vou dar uma segunda volta, porque continua com roupa a mais.
7. Quais as peças/artigos que tens em maior número? Sapatos, vestidos, camisolas?
Acho que é vestidos. Adoro. De verão e de Inverno
8. Como é que escolhes/compras a tua roupa?
Não compro revistas de moda, nem acompanho blogues. Mas gosto de ver montras e de entrar nas lojas. É aí que eu vejo o que anda na moda e que vou apreciando o que vai aparecendo. Era nessas entradas nas lojas – que eu fazia mesmo quando não andava à procura de nada – que eu me “desgraçava” e comprava o que não precisava só porque, naquele momento, estava com um bom preço. Não resistia a um saldo ou a uma promoção. Agora estou “curada” dessa maldita doença – o projeto em que estive envolvida no ano passado, o da viagem à volta do mundo, foi o melhor estágio possível para esta penúria a que nos votou o ministro Gaspar. Em alguns dos países por onde andei a roupa era mesmo barata, sobretudo no sudeste asiático. Mas se a comprasse, tinha de a carregar. Então, pura e simplesmente, não comprava. Só comprava aquilo que precisava. Regressada a casa, continuei essa saudável prática. Compro o que preciso.
9. Encomendas roupa online?
Sim, na La Redoute.
10. Qual a tua loja preferida?
A GoodVibes e a Saltos Altos, na Baixa do Porto, que ficavam bem pertinho do sitio onde trabalhava e vendem algumas das minhas marcas preferidas, como a Mamatoee, AmarilloLimon. E a BimbaY Lola e a La Fée Marabouté no Nassica de Vila do Conde.
11.Qual a tua peça de roupa preferida? - neste momento e de toda a tua vida (algum artigo que tenhas amado perdidamente e que morreu de velho)
Um vestido preto da Skunkfunk que ainda está bom para as curvas. Comprei-o numa loja em Sintra, a Zen Family, numa altura em que estava de passagem. Não planeava comprar o vestido, mas apaixonei-me por ele. Deixa-me com um ar elegante e ao mesmo tempo colegial, atrevido.
12. Qual a pessoa (conhecida ou não) cujo visual "invejas"? Gostavas de ser como quem?
Hum, não tenho nenhuma devoção em particular por ninguém. Nunca fui muito seguidista. Mas há personalidades que admiro. Ou será poses e posturas (sim, porque, na verdade, conheço pouco dessas pessoas)? Seja como for, talvez Juliette Binoche.
13. Já houve alguma altura da tua vida em que querias vestir-te como alguém? Quem?
Ui. Acho que quando andava no ciclo preparatório queria vestir-me como toda a gente, menos como eu. Acho que me queria vestir como a minha melhor amiga na altura.
14. Alguma vez saíste de casa sem sapatos, com uma meia de cada cor, com a camisola do avesso ou outro episódio semelhante? Qual?
Camisolas do avesso já me aconteceu. E mais do que uma vez.
15. O que trazes vestido neste momento? Tens algum tipo de maquilhagem, verniz, etc.?
Umas calças de ganga slim, botas de cano alto pretas, camisa cinza, casaco de malha cinza e um foulard da Throtlemann. Também cinzento, claro. Estou a combinar com o dia, que está mais do que cinzento.
16. Se hoje tivesse sido um dia perfeito, com tempo para tudo o que precisas, o que terias vestido?
Não mudava nada. O meu problema não é tempo. É falta de jeito. Por exemplo, as minhas unhas estão mesmo, mesmo, mesmo a pedir um arranjo e um verniz. Mas quando tento fazê-lo, é pior do que uma desgraça. E de cada vez que insisto, arrependo-me sempre.
17. O que achas que devias eliminar do teu guarda-roupa de uma vez por todas?
Um ou dois vestidos que não me ficam nada bem, mas dos quais continuo a gostar muito. Talvez um dia me assentem melhor.
18. O que devias vestir mais vezes, mas não vestes?
Não me lembro de nada.
19. Neste preciso momento tens 1000 euros na mão para gastar só em ti. O que fazes com esse dinheiro?
Não seria para comprar roupa, com certeza. Ia fazer uma escapadinha a uma cidade da Europa. Talvez a Berlim, que ainda não conheço. E sendo dinheiro para gastar só em mim, e em coisas que até nem preciso mas gostava muito de ter, também era desta que comprava um Ipad.
20. Se tivesses de dar um conselho de estilo a ti própria, qual seria?
Conselho para melhorar o look? Eu mantenho-me fiel aos meus princípios. Um sorriso sincero, e uma gargalhada na ponta da língua são o melhor dos acessórios que podes trazer vestido.
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