Não me lixem!

"Salários mais baixos escapam a TSU" é a manchete do Correio da Manhã, o que não deixa de ser estranho porque não se trata de novidade nenhuma: é isso que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças andam a dizer desde o anúncio das novas medidas de austeridade, mesmo depois de todos (menos eles) terem percebido que o Governo se enfiou num beco sem saída.

Lendo o artigo no interior, percebe-se que a revelação do CM é outra: "Salários até 700 euros fora do aumento da TSU".

Quem ganha até 700 euros tem, efetivamente, um salário mais baixo do que quem ganha 710, 800 ou mil euros. Mas, valha-me deus, será que sou só eu que acho que tirar sete por cento do ordenado a quem ganha 800, 900, 1000 ou 1200 euros não é bem a mesma coisa do que tirar a mesma percentagem a ordenado de 2000, 3000 ou 5000 euros?

A percentagem é a mesma e por isso estão em causa valores diferentes, mas, não me lixem, tirar 100 euros ou 200 euros a um ordenado de 800, 900 ou 1000 euros não é bem a mesma coisa do que tirar mais do que um salário mínimo a um salário mensal bruto de 6580 euros. Isto, para mim, não é equidade. É roubar.

O que o CM não explica em lado nenhum é o que escreve em letras pequenas na primeira página: "700 euros sem agravamento. Aumento progressivo até 7 por cento". Aumento progressivo de quê? Para quem? Para os que ganham até 700 euros? Mas então, se for assim, não é verdade que quem ganhe até 700 euros fique de fora da anunciada subida de sete pontos percentuais nos descontos para a segurança social. Será progressivo para quem ganha mais de 700 euros? Até que valor. Não percebi. Não percebo.

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