O mistério das roupas desaparecidas

Primeiro, desapareceram os únicos Crocs verdadeiros que comprei ao miúdo, no ano passado. Arranjei-lhos num outlet mas, ainda assim, o preço pareceu-me exagerado por umas coisas de plástico que, estando em causa uma criança, nem sequer se poderia sonhar que durariam uma vida inteira. 

Ao ritmo que os pés dele crescem e que o calçado se estraga, entre corridas e chutos na bola, o que quer que se lhe compre para os pés tem sorte em durar uma temporada. Duas é o máximo, se for uma coisa comprada já em fim de estação, grande o suficiente para se aguentar na seguinte, mas sem que lhe saia dos pés (é para usar no imediato, mas só um bocadinho, nada de usos intensivos que os deixem rotos ou sem solas). 

Os sapatos do meu filho até podem durar duas temporadas, mas é preciso isto tudo. Ou que eu não os perca. Ele nem é muito dado a isso, mas até admito que possa perder casacos, chapéus ou lápis. O que traz nos pés, tendo em conta que já tem seis anos, parece-me mais complicado. Já eu posso perdê-los. Ou, dito de forma mais simpática, não saber onde os guardei. 

Andei pelo menos um mês à procura dos ditos Crocs, estavam em tão boas condições, se ainda lhe servissem seria uma maravilha, mas para saber tinha de os encontrar. Até já tinha desistido de procurar, a sorte foi que não me cruzei com outros (desta vez já não fui em busca dos verdadeiros). 

Os primeiros Crocs verdadeiros que lhe comprei e iam ficar por usar, novinhos em folha, porque eu, fama de arrumadinha mas cabecinha de alho chocho, não sabia onde os tinha enfiado. Seria capaz de garantir que já tinha procurado onde os encontrei (no sítio onde está guardado o restante calçado, primeiro sítio onde qualquer alma, até a mais distraída, iria procurar). A verdade é que não posso: quem é cabeça no ar não se pode dar ao luxo de fazer estas juras. 

O certo é que lá estavam eles, e servem-lhe, e tudo se resolveu antes de desperdiçar dinheiro nuns substitutos. 

Acontece que anda sempre qualquer coisa desaparecida lá em casa. Tenho não sei quantas meias sumidas que deixam outras tantas órfãs e gavetas cheias de tralha que para nada serve enquanto não se encontrar a outra metade. Volta e meia também me desaparecem outras peças de roupa, que mais tarde venho a localizar no fundo do cesto da roupa para passar a ferro - raras vezes o consigo esvaziar, há sempre roupa para acrescentar e muito pouca paciência para a engomar. 

Agora foram as leggings. Tenho várias, quase todas pretas, para usar com os vestidos mais curtos quando não está assim tanto calor. Não sei de nenhumas. Devem ter ficado algures entre a roupa de inverno que fui pondo de lado e a de primavera/verão que fui colocando a uso. Resta saber em que caixote as deixei, se no do inverno, se no do verão. Ou se já as arrumei noutro sítio espetacular para não repetir esta saga anual e não me lembro onde foi. Seja como for, não me apetece procurar. Nem voltar a arrumar. 

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