A carteira com personalidade

Desfiz-me de todas as carteiras pequenas que tinha, muito à custa dos Do's & Dont's que a Jo quer abolir (e eu também), mas também porque sou (tenho sido) mulher de carteiras grandes, para lá enfiar o que preciso e o que posso vir a precisar, que a minha mãe ensinou-me a prevenir todas as eventualidades (lenços de papel - pode ser preciso, garrafa de água - posso ter sede, as chaves de casa dela - para efetivamente as levar quando lá for, caixa para os óculos, lentes de contacto substituta, líquido das lentes, paracetamol - pode-me dor a cabeça ou qualquer coisa, e o resto super básico - telemóvel, porta-moedas, auricular, documentos, etc, etc, etc).

Também me desfiz delas, das carteiras pequenas, porque fui mãe e ter espaço onde guardar as coisas mais imprevisíveis tornou-se imperioso. Sobretudo depois de o bebé ter perdido direito ao seu próprio saco, com fraldas, mudas de roupa e mais de mil e uma coisas que é preciso ter sempre à mão. Mesmo depois de perder direito ao seu próprio saco, uma criança precisa da carteira de sua mãe - para guardar o chapéu, o brinquedo, os cromos, as pedras, os bugalhos. Pudesse ela ser boazinha o suficiente para carregar lá dentro uma bola (não sou tanto, acho que já perceberam)... 

Cheguei a andar com as carteiras grandes tão pesadas que comecei a deslocar-me para o trabalho acompanhada de uma mochila onde coloco os objetos não essenciais - papéis que é melhor ter à mão do que arrumados (nunca os encontro quando é preciso) mas que não preciso de carregar quando estou fora em serviço, pensos rápidos, pensos para as bolhas nos pés, elástico para o cabelo, uma lima para as unhas, uma pinça (não há luz como a luz do espelho retrovisor), desodorizante, baton. 

Tive, durante uns três anos, uma existência pacífica com a inexistência de carteiras pequenas na minha vida. Até ao dia (à noite) em que fui jantar fora e quis deixar a tralha em casa. Nada. Não havia carteiras pequeninas. Descobri uma perdida em casa da minha mãe (numa das vezes que lá fui e levei chave), talvez a tenha mantido por achar que era uma peça para durar para sempre, que a voltaria a usar se, lá pelos 60, me tornasse mais coquette. Esqueçam, as coisas estragam-se com o tempo e a falta de uso (se alguém souber de algum produto que se possa aplicar na carteira para impedir a perda de bocadinhos de algo que um dia foi parecido com pele preta, agradeço a dica). 

Andei uns dois meses à procura da carteira pequena ideal e ela não aparecia nas lojas. Era tudo demasiado clássico, formal ou "senhora" para o meu gosto, e ainda assim estive quase quase a achar que devia comprar uma, porque elas estão em todo o lado. Foi só até me cruzar pessoalmente com a da fotografia (Skunkfunk) - cabe lá dentro bem menos do que supunha no meu suspeito conceito de carteira pequena, mas era isto que procurava, uma carteira toda preta, o símbolo da marca bem discreto (se não estivesse lá não me importava), super original e a minha cara. 

Estive quase para comprar umas botas da Prof "super-in" porque estão em saldos e porque achava que precisava de umas botas bejes, em vez de comprar a carteira. Ia usar as botas raras vezes e combiná-las ia ser todo um exercício - apesar de serem bejes e de, supostamente, combinarem com tudo. Já tive episódios suficientes com coisas bejes e castanhas para saber melhor do que isto. Também sei muito bem que prefiro não ter "as botas que qualquer mulher deve ter no armário" só para tê-las no armário. 

Mesmo que não tivesse encontrado a carteira, nunca me devia ter passado pela cabeça comprar aquelas botas. Não eram feias. Mas não eram "eu". 

Continuo sem saber explicar bem o que é isto de uma coisa que é "a nossa cara", mas julgo que se trata de escolher aquilo de que gostamos mesmo, aquilo que nos seduz e fascina por uma questão de empatia, não porque vem nas revistas e nos blogs de moda, porque toda a gente diz que é o 'Must Have' do momento ou porque outro alguém usa e lhe fica a matar. Talvez tudo se resuma ao que diz outra Joana:  "o melhor que podemos vestir é a personalidade"

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