Chuva no verão

Uma pessoa (eu, neste caso) queixa-se da chuva no inverno e esquece-se de que, no Porto, também chove na primavera e no verão. Nunca se sabe se no ano anterior também foi assim, mas este tem sido. Parece que choveu toda a noite, eu já só me apercebi do dilúvio de manhã cedo, agora parou mas não está com ar de que vai passar e de que vai ficar um dia maravilhoso. 

Não me lembro de um cenário assim no meu primeiro verão no Porto. Cheguei em julho e lembro-me de andar sempre fresca, não tenho ideia de ter parkas no armário e até tenho a impressão de que não sabia o que isso era. Tenho memória de dias chatos de chuva em verões seguintes, foram eles que me obrigaram a ceder às parkas, objeto de roupa de que continuo a não gostar por aí além: normalmente, quando chove e não faz sol, fica mais frio (mesmo no verão, a não ser que seja um daqueles dias abafados pelos quais já não me lembro de cruzar) e aquela coisa é um pedaço de tecido supostamente impermeável que não aquece nem arrefece.  

De maneira que, seja verão ou inverno, no Porto, escolher o que vestir é um problema. Pelo menos para pessoas friorentas como eu. Pelo menos para quem não gosta de andar de sandálias quando está a (ou parece que vai) chover . Pelo menos para quem cresceu em Trás-os-Montes e o calor era calor, de abafar, de dar vontade de fugir, de não se poder estar em lado nenhum, de só dar vontade de tomar banho de mangueira, de não se conseguir dormir, de apenas querer para ir para perto da praia. Mesmo que, depois, na praia do litoral minhoto que frequentei desde pequena, fizesse vento muitas vezes e houvesse uns quantos dias de chuva. 

Sim, recordo-me de outros invernos no Porto com chuva ou temperaturas demasiado amenas para a altura do ano, mas confesso que nunca tantos como este ano. É que estamos a meio de julho e ainda não passou por mim um daqueles dias de calor de dar vontade de fugir, que a mim até me pode deixar cansada, prostrada, mas ao mesmo tempo me dá energia, me tira o sono, me deixa com vontade de fazer coisas, até de trabalhar, porque no escritório há ar condicionado e está-se sempre bastante melhor do que na rua. Na praia, habitualmente, está demasiado vento para sequer estar calor.

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