Férias? Gostava mas não posso

Regressei hoje de férias. Mas não fui de férias. Mesmo. A minha conversa não é a do "isto está difícil, mas este ano ficamos todos enfiados num apartamento minúsculo que um amigo nos emprestou em vez de pagar hotel, e viemos pela estrada nacional para não gastar portagens, mas temos de vir de férias, não é, uma pessoa poupa o ano todo, passa o ano a trabalhar, tem de ir de férias!". Pois, devia ser. Mas há quem não possa. Nem agora nem em agosto ou setembro, nem provavelmente durante os próximos cinco anos, ou lá quantos forem os anos que este ou outro Governo, esta ou outra troika achar que os funcionários públicos ou que trabalham em empresas com capitais públicos são portugueses de segunda. 

E assim passei as duas últimas semanas a fazer algumas coisas bem divertidas, como fazer de conta que arrancava erva no quintal da minha avó, participar no piquenique de fim de ano da escola da minha mãe, visitar o meu bisavô, jantar e almoçar com amigos e, já que estava por casa, a resolver alguns problemas (incluindo de trabalho). De maneira que, compreenderão, não é bem a mesma coisa. Já começo a ouvir os meus amigos contar que foram para aqui e para ali passear e só consigo pensar na gasolina que terão gasto.

No ano passado quando estive de férias percebi que realmente não precisamos de muito - não precisamos da roupa toda que temos no armário, a maior parte do tempo não calçamos toda a variedade de sapatos que fomos comprando ao longo da vida, vivemos mais do que bem com dois ou três vestidos, umas leggins, umas calças de ganga e uns casacos para as noites frias, se se sujar lava-se e volta-se a usar sem passar a ferro que ninguém nota. Não preciso de muito, portanto. Mas precisava de férias. Nem que fosse para não ir de férias. É que o dinheiro está-me mesmo a fazer falta.

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