OUT OF MY BOX: Na maternidade não há impossíveis (mas às vezes parece)

A Sílvia voltou a escrever um texto espetacular no raparigascomonos e eu voltei a refletir sobre o assunto. Sobre as impossibilidades de uma mãe. Ela fala das que tem uma mãe que trabalha em casa. Eu digo-lhe que as que trabalham fora de casas têm as mesmas, ou outras, mas também as têm.

Para as que trabalham fora de casa, a sensação ao fim do dia é também muitas vezes (senão todas) a de trabalho por fazer, de pouca atenção dada às crianças, do pouco (ou nenhum) tempo para nós, para fazermos aquilo que gostariamos de fazer. Porque, às tantas, aquilo que gostavamos mesmo de fazer não é (só) aquilo que fazemos o dia todo.

Para as mães que trabalham fora, o fim do dia também é muitas vezes uma frustração que só se salva com a ideia de que não há mães perfeitas e que o máximo que podemos fazer é tentar fazer o melhor que podemos.

Ainda ontem dei por mim a pensar se haveria outras mães que dizem aos filhos "agora não posso" sem se preocuparem em perceber o que eles querem, depois de os ouvirem chamar por elas. Fui eu que fiz isso, claro. Estava a limpar o chão da cozinha e já só me queria sentar um bocado sem ouvir ninguém.

Já só queria fugir para ouvir as notícias sem o ruído de fundo do miúdo a tentar contar a história de uma luzinha e a fazer tropelias com a comida, para tentar ir à net sem que ele me viesse pedir para ouvir umas musiquinhas, para me sentar sem me sobressaltar com os chutos na bola e com a bola nos móveis, para cozinhar e arrumar a cozinha sem que ele tentasse ajudar-me e tivesse de me esforçar para ser delicada para não lhe transmitir a ideia de que me estava a atrapalhar, para falar ao telefone sem ter de desenhar números e letras ao mesmo tempo, para namorar antes de estar completamente K.O.

Também posso dizer que já trabalhei em casa, não tinha filhos, e era igualmente frustrante. E que sinto que, à medida que eles vão crescendo, começamos a ter mais tempo para nós. Mas isso sou eu, que tenho só tenho um. Mas sabes que não há impossíveis, Sílvia (tu criaste não sei quantos projetos espetaculares, não me pareces uma pessoa de impossíveis). Há apenas dias mais difíceis do que outros.

1 comentário:

  1. eu tb acho que não há impossíveis, aliás, o que tem de ser tem muita força e isso aplica-se a quase tudo na nossa vida. Tenho ambas as experiências, já trabalhei muitos anos fora de casa e não coloco de parte a possibilidade de o voltar a fazer. Tenho por isso termo de comparação e sei muito bem as dificuldades numa e noutra situação. O que é um facto, para mim, é que o ambiente em casa não é propício ao trabalho (daquele que se faz para fora, note-se), a não ser que estejas sozinha e tenhas um lugar dedicado a trabalhar. Ainda assim as distracções são inúmeras e acabas por nunca conseguir distinguir um horário e espaço de trabalho, o que no longo prazo acaba por ser mau. Tens, como é óbvio disponibilidade e flexibilidade para muitas outras coisas. É como eu disse nada é perfeito, mas sim, não há impossibilidades:)

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