A felicidade da Sílvia (e a minha)


Ela é gira, faz coisas giras, tem ideias e projetos cada vez mais interessantes: depois do Choose your own head, do Quarto de Mudança, agora chega o It' s a doily world. Também é mãe e mistura isto tudo com textos sobre os filhos, no blogue Raparigas como nós.

A Sílvia Silva sabe vestir-se cheia de cores e de estilo, mostra fotografias lindas e leva-me a conhecer peças de roupa a marcas fantásticas. Ela é tudo aquilo que gostava de ser, mas não sou, porque sou pouco ousada nas cores, não consigo ter tempo para concretizar todos os projetos e ideias que tenho na cabeça, nem para escrever tudo aquilo que gostaria.

Ainda por cima, a Sílvia escreveu um texto  que só não mudou verdadeiramente a minha vida porque eu sou uma ansiosa crónica. “Aquela ideia de que a nossa felicidade e o que realmente nos daria puro prazer está sempre atrás daquele muro gigante através do qual não vemos nada, é uma pura ilusão.[…] Atrás do muro não há nada, está tudo aqui e agora!”.

A minha geração (ou então fui só eu) foi educada para cumprir objetivos: entrar na faculdade, tirar um curso, arranjar um emprego, dar o litro, fazer carreira, subir na vida, cumprir sonhos de infância como casar, ter filhos, construir uma casa com jardim. Mas o mundo deu-nos (deu-me) a volta. E eu quero avançar, mesmo sem saber para onde vou. Um dia de cada vez, como se fosse uma angustiada em recuperação.

4 comentários:

  1. Pois é, nós fomos educados num mundo em que todos tínhamos de ser iguais, em que o sucesso era ter uma vivenda perto da praia, uma família com duas crianças (um menino e uma menina) e um cão (labrador) - ao escrever isto lembrei-me do genérico do 'Weeds' - um bmw na garagem, férias na neve e nas caraíbas. Mas agora todos ouvimos as bandas que nenhum dos nossos vizinhos ouviu falar, vemos as séries que ninguém vê, lemos quem ninguém lê e percebemos que só seremos felizes se nos desprendermos dessa educação tão 80's ou 90's. Temos de ser nós, como somos, com roupas coloridas ou vestidos de negro, tatuados ou engravatados. Se continuarmos a querer imaginar muros, trepá-los a pensar: "agora é que vai ser!" vamos desgastar-nos. E depois vamos perceber que os muros realmente não existiam, os coloridos admiram os de negro, como os de negro admiram os coloridos. E porquê? Porque somos todos diferentes e todos temos muito para dar a todos. Dar o litro (e meio) é um bom princípio. ;)

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  2. Ena! Acho que fui tocada por um pouco de emoção:) Obrigada. Mas não posso deixar de te relembrar o que diz no meu blog "este blog sou eu a olhar para mim e para o mundo através de um buraco de fechadura muito pequeno". E no meu blog tento passar energias positivas, porque a forma como falo de mim e do mundo, também me afeta pessoalmente e eu sei que prefiro ver o lado positivo das coisas do que estar sempre a dar de caras com as coisas lixadas que nos acontecem quase todos os dias. Porque eu não sou sempre gira (ou serei alguma vez?), aliás a maioria dos dias estou mais para sopeira do que para mulher com estilo..ahahah! Nem sequer a minha vida é um mar de rosas e consigo fazer tudo o que quero, ou devia fazer. A minha vida também está cheia de derrotas e de verdadeiros espalhanços ao comprido no chão. A ansiedade é uma parceira de todos os dias, e sempre que faço coisas novas recebo palavras lindas e encorajadoras como as tuas, mas também recebo outras coisas com energias menos positivas. Acho que já aprendi foi algumas coisas muito importantes com as coisas difíceis que já vivi, e uma delas foi a lutar e não me deixar derrubar com facilidade. Não há vidas perfeitas, nem pessoas perfeitas, aliás o conceito em si deve ser meramente uma invenção da nossa sociedade. O gozo está no caminho e na forma como o fazemos.
    Obrigada pelas tuas palavras e pela tua generosidade de todos os dias. Continua, o teu caminho também parece ser bem divertido:D

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  3. Gostei de ler o teu post, mas acima de tudo, gostei mais uma vez do que a Silvia diz aqui em cima nos comentários. Porque é assim mesmo que devemos ser. Eu, atrás dos meus bordados bonitos, tenho um negócio que é um zero, ao qual me dedico quase a 100%. Mas algumas quedas e pessoas com egos gigantes a tentarem desvalorizar quem sou, fizeram-me ver que afinal de contas, se eu viver a minha vida de consciência tranquila e a fazer o que gosto, sou feliz e muito mais genuína. E que nem sempre é fácil, não é. Mas pelo menos faço esse filtro das coisas ou pessoas complicadas e quanto mais dias dificeis ultrapasso, mais dou valor às pequenas coisas que me deixam feliz. E a Silvia tem toda a razão! Admiro-a muito por isso. Confesso que houve uma vez em que dei por mim a pensar " se isto acontecesse à Sílvia ela faria assim ou assado" e zás, remédio santo! :D e viva a Silvia!!!

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  4. Não imagino que vida da Sílvia seja perfeita. Mesmo que no blogue não fale das coisas menos boas, não passa a ideia de que vive num mar de rosas. Por isso é que acho que ela é perfeita, ou quase. Por isso é que acho que é linda. E inspiradora. Precisamente por isso: por não tentares passares a ideia de que és perfeita, por seres só uma pessoa que não se esquece de tentar ser feliz. Não foi por causa da Sílvia que decidi avançar com o projeto Divine Shape. Mas o caminho foi um bocadinho o mesmo: cheguei a um ponto em que decidi que tinha de fazer alguma coisa com as ideias que tinha na cabeça. Sem dinheiro para os pôr em prática da maneira mais usual (abrir uma loja passou-me pela cabeça), voltei a perguntar a mim mesma o que realmente me dava prazer (foi assim que escolhi o curso de jornalismo, porque na altura gostava de muitas coisas mas o que realmente me dava prazer era escrever). E o que me dá prazer são estas coisas que mostro aqui no blogue. Avancei sem saber muito bem para onde ia e depois disso já acrescentei muita coisa àquilo que tinha pensado inicialmente. Este projeto é um caminho que faço e aprendo a fazer todos os dias. E é um primeiro passo para eu perceber que, enquanto tivermos saúde (pareço uma velhinha a falar), a vida não nos dá assim tantas coisas para nos preocuparmos. A nossa grande preocupação devia ser tentar ser felizes. E para isso é preciso muito menos do que imaginámos nos nossos sonhos de crianças e adolescentes. Porque a nossa geração cresceu a acreditar em contos de fadas. Não é fácil, mas é possível, perceber que a felicidade não está atrás do muro, nem nos contos de fadas que nos leram em pequenos.

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