Ikea, tu irritas-me (mas adoro-te)

Ikea, tu irritas-me. E não, não é por causa dos parafusos e das montagens, essa parte não é responsabilidade minha. O problema é que me apetece reproduzir muitas das coisas que me mostras e não consigo. Eu sei que todos aqueles cenários lindos exibidos no site e na loja são coisas do marketing, mas é um marketing muito bem feito, porque nos deixa com a sensação de que vamos transformar espaços minúsculos em recantos de inenarrável conforto e que o caos se vai resolver por milagre com caixinhas e cestinhos para enfiar dentro de gavetas. Digamos que é um daqueles casos em que o problema não és tu, sou eu. 

Tu, Ikea, és uma parafernália de acessórios para a arrumação, mas eu tenho uma relação complicada com essa palavra e só a ideia de ter de a fazer (a arrumação) deixa-me o coração a palpitar, o estomago apertado, um nó na garganta. Até me considero uma pessoa organizada, mas há limites. Nas imagens que mostras, parece tudo simples. E não é. Já fiz muitas mudanças e é um tormento. Arrumar, arrumar, arrumar e ter ainda tanto para arrumar. Encontrar lixo e mais lixo que não deitei fora sabe-se lá porquê, E reencontrar-me com coisas perdidas (que, no fundo, são só mais coisas para arrumar, e com estas não estávamos a contar). 

Contigo parece tudo simples, Ikea, mas eu acumulo móveis desde 1998, ainda tu cá não estavas. A minha vontade era montar tudo de raiz, reproduzir aqueles cenários perfeitinhos ou desarrumadamente harmoniosos. A questão é que não posso. Tenho de levar quase tudo comigo e, ao mesmo tempo, ver que soluções é que tens, a preços apetecíveis, para rearrumar tudo. Baralhar e voltar a dar enquanto mudo casa não é fácil. 

Uma coisa é certa, Ikea, os cantinhos que idealizas são uma inspiração, são um bocadinho de sonho para divagar enquanto não estou a encaixotar e, se me irrito, é porque ainda só consigo desmontar.  

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