Dia de merda

Até dormi bem, pelo menos foi o que me pareceu, o dia amanheceu com sol, enfiei-me num vestido que não vestia há imenso tempo. calcei os meus botins vermelhos, o casaco cinza ficou perfeito, o cabelo estava ótimo, sai tarde de casa mas consegui chegar à escola do miúdo antes do toque, tomei o meu café nas calmas, fumei o meu cigarro, fui ao supermercado fazer as minhas compras, gastei menos do que estava à espera, estava tudo tão bem que quase me sentia a super-mulher.

Estava tudo bem até passar no sítio de sempre, com a coluna de sempre, e raspar o carro todo sem saber como. O carro é novo, vai demorar uns bons anos a pagar, não tenho dinheiro para o arranjar, ninguém se magoou mas, porra, o raio do carro está todo riscado e não havia necessidade. 

Há dias que nunca esquecemos por serem particularmente trágicos ou especialmente felizes, há dias assim-assim e há dias de merda, aqueles em que não acontece nada de muito grave mas em que se juntam uma série de circunstância que nos dão vontade de ir para a cama e esperar que passe.

Entretanto, não é grave mas é um bocadinho deprimente, apercebi-me de que o vestido que não vestia há imenso tempo e que até dava a sensação de estar a usar uma coisa nova está descosido em cinco (cinco!) sítios. Se chegar a casa sem ele se desfazer talvez este até seja um dia de sorte. 

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