WHAT' S IN YOUR CLOSET # 50 Celina da Piedade (www.celinadapiedade.com)




Gosta de cores vivas e de as misturar. O mesmo se passa com os padrões, sobretudo se forem bolinhas. Celina da Piedade aprecia peças feitas artesanalmente, recicladas ou antigas, e de as misturar com peças atuais. A acordeonista, compositora e cantora não dispensa elementos tradicionais, como os lenços regionais.

Os acessórios estão em maioria no armário caótico e alguns deles são feitos pela própria, ou por amigos. Celina da Piedade é também fã da ironia para ser usada, seja um crachá com uma boa frase, um chapéu insólito, ou um colar feito de brinquedos reciclados. O acessório de que mais gosta são, aliás, duas peças vermelhas de lego transformadas em brincos.

O conselho de estilo que Celina daria a si própria é não se preocupar demasiado com o assunto, e seguir o instinto e a imaginação. A explicação é simples: "A partir do momento em que o estilo se torna uma coisa fabricada, pode perder a graça toda".

A cantora, que recentemente lançou o disco "O cante das ervas", decide o que vai vestir no momento em que tem de o fazer e escolhe por impulso - olha para o armário e opta pelo que lhe salta à vista. A capacidade de decisão e de descomplicar não impedem que por vezes surjam indecisões e resmungos com o guarda-roupa. Quando tem uma viagem marcada, o que é frequente, limita-se a fazer uma lista mental de quantos dias vai estar fora e de quantas combinações de peças de roupa e de acessórios vai precisar.

1. Qual é o primeiro momento do dia em que pensas na roupa que vais vestir?
Isso depende muito dos dias! Normalmente decido no momento em que me vou vestir. Só costumo planear antecipadamente se for em viagem, o que é frequente. Tento não meter roupa ao calhas para dentro da mala. Antes faço uma lista mental dos dias em que vou estar fora e de quantas combinações de peças de roupa e de acessórios vou precisar fazer. São muitos anos a fazer malas...

2. Preocupas-te com isso ou vestes a primeira coisa que te aparecer à frente?
Escolho por impulso, olho para o armário e vejo o que me salta à vista. Tenho a mania que não sou complicada, mas na verdade às vezes demoro um bocado a escolher, e resmungo com o guarda-roupa. Em geral escolho de acordo com o dia que vou ter, com o tipo de compromissos que tenho na agenda. Se for dia de concerto a dificuldade da escolha aumenta, mas é também um prazer, por ser uma parte importante do ritual de preparação para o mesmo. 

3. Qual a tua principal preocupação estética antes de sair de casa? Não sair maquilhada ou ter a certeza de que não te esqueceste de nenhuma peça de roupa fundamental?
Bem... pode ser não me esquecer de nenhuma peça de roupa, sou um bocado despistada! Em geral não gosto de sair sem brincos, coisas de menina... Se for para uma entrevista, sessão fotográfica ou concerto tenho a atenção de ir maquilhada e vestida em conformidade. 

4. Qual é o teu estilo?
Não sei bem dizer se tenho um... ando algures entre a tradição e a reciclagem do plástico! Gosto muito de acessórios originais: brincos, colares, pregadeiras, lenços, cachecóis. Adoro sapatos! Gosto de cores vivas e de as misturar, e de padrões também, sobretudo bolinhas, adoro bolinhas! De preferência gosto de peças feitas artesanalmente, recicladas ou antigas, e de as misturar com peças atuais. Adoro utilizar elementos tradicionais, como os lenços regionais, ou os brincos portugueses que herdei da minha avó. Algumas coisas faço eu mesma (cachecóis, colares, pregadeiras), ou são feitas por amigos. Gosto de ver ironia vestida: um crachá com uma boa frase, um chapéu insólito, um colar feito de brinquedos reciclados. Tenho um aplique para o cabelo que é um ovo estrelado em borracha, em cima de um naperon de renda, que comprei numa feira na Galiza.

5. Como é o teu armário? Cheio, arrumado, desarrumado, caótico?
O meu armário é um caos. Mas eu sei onde está tudo! É daqueles que se entrares lá dentro não há certeza de saíres de lá para a mesma dimensão. 

6. Quais as peças/artigos que tens em maior número? Sapatos, vestidos, camisolas?
Ganham sem dúvida os sapatos e outros acessórios. 

7. Como é que escolhes/compras a tua roupa?
Como visto XXL, não encontro roupa para mim em qualquer chafarica, mas procurando nos sitios certos acabo por não ter assim tanta dificuldade. Os meus sitios preferidos são sem dúvida lojas de roupa em segunda mão, feiras da ladra e de velharias, bancas ou lojas de artesanato, os baus das minhas tias. Tento evitar ao máximo comprar em multinacionais, mas mesmo assim compro alguma roupa na H&M, por terem uma boa secção de tamanhos grandes e que me garante os básicos. Mando também fazer algumas coisas na costureira.

8. Encomendas roupa online?
Já houve uma época em que encomendava, mas raramente a roupa me ficava bem, e acabei por desistir desse método. 

9. Qual a tua loja preferida?
Para roupa é a Humana e para acessórios a feira de artesanato do Festival Entrudanças. Para os crachás é o Charroque da Prrofundurra!

10. Qual a tua peça de roupa preferida? - neste momento e de toda a tua vida (algum artigo que tenhas amado perdidamente e que morreu de velho)
A peça de roupa que mais estimo do meu guarda roupas é um vestido preto de concerto que mandei fazer a uma costureira de Pardilhó (distrito de Aveiro), a Dona Júlia, com os preceitos dos trajes tradicionais daquela zona. Foi um longo "namoro": a escolha do tecido, definir o desenho, voltar lá umas semanas depois para fazer a primeira prova, mais outras quantas para o ir buscar pronto. Adoro-o, e só compete com outro que mandei também fazer à Dona Deonisia (em Setúbal, que me faz vestidos desde que nasci), com uma seda de fios azuis e fuchsia, que trouxe de Goa. Ficou ótimo, e usei-o tanto que acabou um trapo. Tenho também um acessórios preferido de sempre: duas peças vermelhas de lego transformadas em brincos pela minha amiga Margarida Ribeiro, de quando ainda nem se falava em artesanato contemporâneo. 

11. Há alguma pessoa (conhecida ou não) cujo visual "invejas"? Gostavas de ser como quem?
Não tenho ninguém como referência, não costumo pensar muito nisso. Mas admiro muito a pinta do meu amigo Samuel Úria, está sempre brilhante!

12. Já houve alguma altura da tua vida em que querias vestir-te como alguém? Quem?
Quando era adolescente queria ser como a Frida Kahlo, e vestia-me como ela. Dez anos depois tive uma fase que incorporei o estilo ceifeira alentejana com afinco. Agora fico-me por umas flores no cabelo, um lenço, umas pulseiras coloridas, e vá lá, a loucura: umas meias de linha feitas à mão. 

13. Alguma vez saíste de casa sem sapatos, com uma meia de cada cor, com a camisola do avesso ou outro episódio semelhante? Qual?
Várias vezes. Meias de cada cor é frequente, e roupa do avesso também. Às vezes é por causa das pressas. Outras é porque moro no campo e só saio para dar uma volta na quinta, ou fazer uma caminhada. Se saio para ir ao Pilates ou à piscina também é normal ir com roupa de "casa", mais confortável, e por isso mais distraída também. 


14. O que trazes vestido neste momento?
Um vestido às flores que comprei numa loja de roupa em segunda mão em Aveiro e umas botas caneleiras. Uns brincos de mola dos anos 80 que me deram num centro de dia onde fui tocar. Uma gola feita por mim em lã portuguesa, que comprei na Retrosaria da Rosa Pomar.

15. Se hoje tivesse sido um dia perfeito, com tempo para tudo o que precisas, o que terias vestido?
Provavelmente roupa própria para uma boa caminhada na serra, ou para uma viagem de descobertas na nossa autocaravana... E uma que desse também para uma tarde passada a tocar, a ler e a fazer tricot, sempre bem acompanhada!

16. O que achas que devias eliminar do teu guarda-roupa de uma vez por todas?
Os indícios de traça! De resto não me queixo de nada.

17. O que devias vestir mais vezes, mas não vestes?
O fato de banho para ir à praia. Moro à beira-mar e vou lá tão pouco... E no inverno camisolas de lã. Aquecem tanto, mas parecem nunca se encaixar nos meus figurinos. E os chapéus. Tenho sempre medo de os usar. 

18. Se tivesses de dar um conselho de estilo a ti própria, qual seria?
Não me preocupar demasiado com esse assunto, e seguir o instinto e a imaginação. A partir do momento em que se torna uma coisa fabricada, pode perder a graça toda.

1 comentário:

  1. Gostei muito da entrevista e da entrevistada. Eu adoro acordeão e deliciei-me e ouvi-la...o meu desejo secreto de à muito tempo é aprender a tocar esse instrumento :)

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