2014? Encolhe a barriga, estica o peito

Leio balanços do ano, descrições da época de Natal que não tive tempo de fazer, e tinha muitas, todos os dias aquelas filas de carros, sempre a demorar o dobro para ir buscar o miúdo e levá-lo para casa quando era suposto ser tudo mais rápido e termos mais tempo para nós. Duas semanas de sufoco e passou, esfumou-se, ficou a felicidade dele, os sorrisos, os risos, as gargalhadas, os olhos brilhantes, das prendas, de estar connosco, de visitar a família. Só lhe falta ir ver a neve, ele que achava que no Natal nevava em todo o lado, são tão enganosos os filmes e desenhos animados natalícios. Isso é nos filmes, filho, aqui na nossa cidade não neva, quando pudermos vamos outra vez à serra. 

Constato, enquanto navego na Internet, que há mais balanços do ano que passou do que resoluções para o ano que há-de vir. Eu não gosto muito nem de uns nem de outros. Penso em 2013 e não me faltaria o que escrever, mas parece-me tudo demasiado pessoal, ou talvez não tenha nada de grandioso para contar. Sorri, sofri, cresci, como sempre, como todos. Promessas não faço, há muito. Fiz, durante demasiado tempo, e nunca correu bem. Os anos são o que são, os dias também. Sim, é uma luta, todos os dias, não se torna mais fácil porque decidimos que vai ser. Todas as coisas grandes da minha vida aconteceram quando menos esperava, ou quando já não as esperava. Talvez sejam apenas como as más: acontecem quando têm de acontecer, atacam de surpresa. 

E neste texto que nem queria escrever porque não saio dos lugares-comuns a única coisa que me ocorre dizer é que tenho de deixar de olhar para o armário sem oscilações entre o "não tenho nada para vestir" e o "não preciso de tudo aquilo que tenho". Tenho tudo o que preciso, essa é a questão. E que o que devia mesmo decidir era começar a andar de peito bem para a frente para manter o raio das costas direitas duma vez por todas.

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