WHAT' S IN YOUR CLOSET # 27 Lara Silva (www.larapal.org)













Aqueles pares de calças que teimosamente persistem ficar nos cabides anos após anos são os responsáveis por todos os males do armário da Lara Silva, criadora do universo larapal.org (é mesmo um universo: abrange as áreas do artesanato e da organização de eventos culturais, gastronómicos e infantis e os projetos Laracrafts, Atelier Infantil LarapaL e LarapaL Catering). O problema é que "aqueles pares de calças", os que "teimosamente persistem em ficar nos cabides anos após ano" são, simultaneamente, aquilo que Lara devia vestir mais vezes mas não veste, aquilo que ela acha que devia eliminar de uma vez por todos do armário e o conselho de estilo que dá a si própria.

Lara nunca veste a primeira peça de roupa que lhe aparece à frente, porque considera a roupa "essencial para nos sentirmos bem e confiantes". A escolha é o que é importante. Podemos preferir "um qualquer farrapo, a peça mais cara ou a mais na moda", o que realmente interessa é se o que vestimos nos reflete. Esta mãe, jornalista, artesã e organizadora de eventos que gosta de “caixas e caixinhas” pela organização que representam é mulher com um armário arrumado e que escolhe vestir-se por camadas, muitas, como as cebolas.


1. Qual é o primeiro momento do dia em que pensas na roupa que vais vestir?
O primeiro momento é quando abro a janela e sinto o céu e cheiro a temperatura.

2. Preocupas-te com isso ou vestes a primeira coisa que te aparecer à frente?
Nunca a primeira peça que me aparece à frente. A roupa é essencial para nos sentirmos bem e confiantes, mesmo que essa escolha seja um qualquer farrapo, a peça mais cara ou a mais na moda. O que realmente importa é vestirmos aquilo que nos reflete. É uma “pele” sobre outra pele.

3. Qual a tua principal preocupação estética antes de sair de casa? Não sair maquilhada ou ter a certeza de que não te esqueceste de nenhuma peça de roupa fundamental?
Quem me conhece sabe que eu me visto por camadas, muitas camadas, como as cebolas. Todas são importantes. Maquilhagem, unha pintada, perfumes, não são a minha prioridade.

4. Qual é o teu estilo?
O que é o estilo? É uma questão que nos transportaria para outras reflexões. Não tenho nenhum estilo socialmente definido… apenas a quantidade de camadas que tapo a minha pele

5. Como é o teu armário? Cheio, arrumado, desarrumado, caótico?
Se calhar como todos os armários, o meu é pequeno para a quantidade de roupa que teimosamente acabamos por ter. Contudo, eu gosto de arrumação e organização e, por isso, tudo é arrumado por temas, cores, etc.

6. Quais as peças/artigos que tens em maior número? Sapatos, vestidos, camisolas?
Sinceramente não sei. Adoro anéis, tenho imensos, adoro carteiras, bolsas e bolsitas, malas e malões.

7. Como é que escolhes/compras a tua roupa?
Como?… escolho e compro apenas aquilo que me faz sentir “eu” e aquilo que supostamente deverá ficar melhor. Gosto versus personalidade versus favorece.

8. Encomendas roupa online?
Não.

9. Qual a tua loja preferida?
Não tenho. Compro em qualquer loja e passa-me completamente ao lado se está ou não na moda.

10. Qual a tua peça de roupa preferida? - neste momento e de toda a tua vida (algum artigo que tenhas amado perdidamente e que morreu de velho)
Não tenho nenhuma peça de roupa preferida, nem sapatos, nem nada. Gosto de tudo aquilo que tenho mas, também, dispenso perfeitamente essa prisão.



11. Qual a pessoa (conhecida ou não) cujo visual "invejas"? Gostavas de ser como quem?
De ninguém. Posso apreciar estas ou aquelas botas, esta ou aquela peça de roupa, este ou aquele anel, mas mais nada do que isso. Às vezes, a minha filha pergunta-me: “Mamã, qual é o teu escritor preferido?” ou “Mamã, qual dos teus anéis gostas mais?”. E eu respondo que não tenho essas preferências porque, neste ou naquele momento, este ou aquele escritor foi determinante para o meu bem estar. Ou que aquele anel já fez-me sentir bonita em determinado momento. Mais nada do que isso. Nem na minha infância ou adolescência senti que tinha um ator preferido, um professor, um filme, uma roupa. Tudo é importante em cada dia que cá estamos, muito importante, e, por isso, é uma acumulação de memórias, de sentimentos e de momentos vividos. Tudo e todos são importantes para aquilo que somos.

12. Já houve alguma altura da tua vida em que querias vestir-te como alguém? Quem?
Não.

13. Alguma vez saíste de casa sem sapatos, com uma meia de cada cor, com a camisola do avesso ou outro episódio semelhante? Qual?
Não me lembro de nenhuma situação caricata.

14. O que trazes vestido neste momento?
Neste preciso momento visto o negro como é habitual. Uns sapatos desportivos, umas meias rendilhadas, leggings um pouco abaixo dos joelhos, uma sweet-shirt de gola ligeiramente cavada e, por cima, uma túnica pingona e despretensiosa. E, ainda, no topo do bolo, uma peça que não é uma túnica, que não é um casaco, que não é uma camisola, é uma peça de roupa que apenas pinga. O meu cabelo, que é um pouco longo, está preso como num repuxo de finos ligamentos perfeitamente desalinhados.

15. Se hoje tivesse sido um dia perfeito, com tempo para tudo o que precisas, o que terias vestido?
Exatamente como estou agora vestida, mas apenas com uma pequena nuance. Um belo e apetitoso sorvete na mão direita, daqueles feitos de leite em cone de bolacha estaladiça, como agora raramente se encontra.




16. O que achas que devias eliminar do teu guarda-roupa de uma vez por todas?
Aqueles pares de calças que teimosamente persistem ficar nos cabides anos após anos.

17. O que devias vestir mais vezes, mas não vestes?
Aqueles pares de calças que teimosamente persistem ficar nos cabides anos após anos.

18. Se tivesses de dar um conselho de estilo a ti própria, qual seria?
Despacha aqueles pares de calças que teimosamente persistem ficar nos cabides anos após anos.

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