Amor, desamor, salsichas e fricassé

Imagem retirada do site http://guiapiraju.com

Ontem, já no fim de jantar:
* ele, enquanto o pai foi à cozinha buscar uma coisa - ó mãe, amor é desamor?
* eu - silêncio, à espera de ouvir o que vinha a seguir, ar completamente pasmado, vontade de gritar por socorro
* ele - conta uma história mirabolante que diz ter sonhado, onde um homem matou outro que estava a fazer mal à namorada (ele não vê filmes de adultos, garanto; aliás só vê o Disney Junior onde tudo é um mundo cor-de-rosa e alegre e ninguém mata ninguém)
* eu, depois do pai regressar: ó filho, o que disseste há pouco? amor é...
* ele - desamor. amor é desamor, porque eu sonhei que um homem estava a fazer mal a uma rapariga e o namorado dela fez não sei o quê...
* o pai, sempre mais ponderado nestas coisas - desamor é o contrário de amor. desamor é quando não se gosta.
* eu, em silêncio - ainda assim isto é muito estranho... Amor é desamor? Um miúdo de 4 anos?!

À noite, depois de o deitar, acorda a gritar e a espernear, numa atitude que deixava muitas dúvidas sobre se era mal-estar ou pesadelo. Quando o consigo acalmar... não... quando ele se conseguiu acalmar (nada que eu fizesse surtia efeito) disse-me que tinha sonhado que não queria comer salsicha. Isto depois de acordado de  manhã cedo a falar nos folhados de salsicha que ia fazer na escola, de ter vindo de lá todo satisfeito com os folhados e de ter insistido que era necessário reservar dois antes que se vendessem na feira de hoje.

Hoje de manhã, à saída de casa:
* ele - pai, gostas de franco fricassé?
* eu, calada - fricassé? Mas com quem é que este miúdo lida? Tudo para dentro. Gritei socorro em silêncio, fiz de conta que era tudo normal.

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