Mother? Hard work!

Ser mãe é a missão mais poderosa do mundo. E a que mais felicidade nos traz. E até pode ser a missão que achamos ser a que melhor desempenhamos nas várias que fazem parte da nossa vida. Mas também é a mais difícil. As escolhas, são as escolhas que me afligem. Uma amiga comentou outro dia que ver uma amiga ser mãe é renascer. Eu disse-lhe para ela esperar para ver como é ser mãe. Quando um filho nasce, nós não renascemos, nascemos outra vez. Parece a mesma coisa, mas não é. Uma pessoa renasce no fim de uma aula de ginástica, quando recupera do fim de um namoro, quando se apaixona, quando conquista um aumento ou o emprego desejado, quando ganha um prémio, quando tem um dia feliz, quando passa umas férias retemperadoras.

O nascimento de um filho não é nada que se pareça. Quando um filho nosso nasce, é como se começasse tudo do zero. Percebemos que se nos acabaram as certezas, que o resto da nossa vida vai ter sempre muitas dúvidas, que tudo o que davamos como certo não é. Todo o mundo que nos rodeia passa a ser visto com outros olhos, porque entendemos que ele não é nada como andámos a pensar que fosse.

Ter um filho é sermos outras pessoas, é ter uma missão nova que muda tudo para sempre. É ter de estar sempre a escolher e a perguntar. Terá fome? Será frio? Estará doente? Terá sono? Dou-lhe outra vez de mamar? Deito-o no berço ou adormeço-o ao colo. Deixo-o chorar até se cansar ou vou embalá-lo? Levanto-me de noite quando chora ou fico à espera que se cale? Deixo-o ver os desenhos animados vezes sem conta? Deixo-o brincar às lutas e aos Gormitis? Espero que a birra páre ou ralho-lhe para se calar? São perguntas atrás de perguntas e na maior parte das vezes não têm resposta. Não sabemos, ninguém sabe, nesta coisa da maternidade não há receitas. As soluções encontram-se todos os dias, a tentar e a errar, às vezes a acertar.

Ser mãe também é ter o peso de decisões que vão condicionar o futuro de um ser que saiu de cá de dentro. É, finalmente, entender tanta coisa sobre os nossos pais. É dar-lhes razão em mais coisas do que gostaríamos, é ouvirmo-nos a nós próprios e percebermos que estamos a ser iguaizinhos a eles. Nascemos outra vez, não haja dúvidas. Criticamo-nos por termos criticado outros pais que agora estarmos a imitar (Ah, quando o meu filho for bebé nada de shoppings, que horror! Pois sim, querem que uma pessoa esteja quatro meses de inverno enfiada em casa a dar em doida? É que o único sítio confortável para onde se pode ir com um bebé é mesmo o shopping, ora bolas, que outro sítio conhecem com cantinho de amamentação e sala para muda de fraldas? Sim, tudo se consegue, na praia ou num parque, mas e a tralha, andar com aquela tralha toda por caminhos que não foram pensados para pais carregados e carrinhos de bebé?)

Passados três anos, o pior já não são as noites por dormir, o choro incansável, o não perceber a razão das lágrimas, as birras ou os "mas eu quero". Decidir a cada momento é a angústia maior. Saber que estou a escolher algo que vai influenciar o resto da vida dele é o mais complicado. Pior do que isso é nem conseguir escolher. É inscrevê-lo numa escola que não é aquela onde eu queria que ele estivesse porque não posso colocá-lo noutra. Numa escola assim assim porque tem de ser, porque não há dinheiro para mais. Fazê-lo contrariada apesar do medo de que ele ali não se sinta acolhido, acarinhado, fortalecido, incentivado, estimulado, aceite. E perceber, também, que não só é a mim que a escola tem de agradar, que o mais importante de tudo é que ele esteja feliz - e se calhar ele vai ser feliz ali, onde eu acho que não vai. No fim disto tudo, é difícil continuar com as dúvidas todas, mesmo depois da decisão tomada.  

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