OUT OF MY BOX: Maternidade, essa grande maluca

A Mãe que Capotou é uma das minhas ídolas (diz-se ídolas?). Ela também é uma mãe que saiu do armário.  Saltou, capotou e foi apanhada na curva. Sem papas na língua, falou inúmeras vezes da maternidade como a insustentável leveza de um martelo pneumático: "Muito pouco na nossa educação nos tinha preparado para as "maravilhas" da maternidade e, compreendemos agora,  deveriamos ter desconfiado do poder do instinto e da artificialidade das teorias pedo-psicológicas. [...] Sabiamos muito bem que rumo queriamos para a nossa carreira, para as nossas férias e para as nossas sextas-feiras à noite, não faziamos ideia de como se devia grelhar um bife, lavar o chão da cozinha ou passar camisas, bébés então, à parte o Nenuco, não estavamos a ver muito bem para o que é que serviam".

Eu concordo. Cresci a querer ser boa aluna, entrar na faculdade, tirar um curso, arranjar um emprego, dar o litro, fazer carreira, namorar, não estar presa a nada, horários, então, nem vê-los. Um dia, talvez, ter filhos, aquelas coisas fofas e rechonchudas que todas as mulheres adoram. Só tinha de aprender a mudar fraldas (tive de treinar num boneco de peluche antes do meu filho nascer, juro que é verdade - nunca tinha mudado uma fralda na vida).

Depois o miúdo nasceu, foi a coisa mais linda do mundo (sim, eu gostei de parir, foi o momento mais espetacularmente espetacular da minha vida), passei a primeira noite acordada a olhar para ele porque ninguém me tinha verdadeiramente alertado para as fortes probabilidades de passar as noites, semanas e meses seguintes (ou anos) sem dormir (deviam ter-me beliscado, abanado, afixado cartazes em casa e na rua para eu perceber).

Durante três meses acordei quantas vezes foi preciso para o amamentar. Acho até que nem chegava a adormecer. Durante o dia ficava sozinha com ele nos braços, eu podre de sono, ele a chorar, eu sem saber o que lhe fazer. Um amor imenso de um lado, o desespero do outro. Não foi fácil. Ninguém está preparado, por mais que se prepare. Eu não estava. 

A Mãe que Capotou diz que Rápido é bom e está toda feliz porque os filhos estão a ficar crescidos. O meu também está e eu também estou feliz com isso: as noites todas a dormir, as palavras ("precisas de ajuda?"), as doçuras ("i love you mummy"), as aprendizagens, as alegrias, as correrias, até as birras (apesar de tudo é mais fácil lidar com o choro de alguém que se explica, mesmo que não tenha razão nenhuma e esteja só  fazer birra). E ainda assim quero ter outro. Porque queria multiplicar este amor, mas também porque queria estar preparada. Crazy, crazy woman.



1 comentário:

  1. Miss Design, estaremos alguma vez preparadas ? Tenho as minhas reservas. Vai ser sempre uma aventura, nada é igual e tudo pode acontecer. E ainda bem que é assim. Louco e passageiro.

    Estou a fazer posters idolativos (existe idolatios ?) meus neste momento, se quiseres uns quantos envia-me um e-mail.

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