"O interesse pelos sapatos surgiu sem eu me aperceber"
Trabalhou em joalharia e mobiliário em Londres e nos Estados Unidos, mas foi a paixão pelos sapatos que a trouxe de volta a Portugal, para lançar uma marca própria e desenvolver o fascínio pelas formas e conceitos geométricos. Inês Caleiro, designer da Guava, a novíssima marca de sapatos portuguesa, conta, em entrevista à Divine Shape, que o interesse pelos sapatos surgiu sem se aperceber. Foi preciso a influência da sua tutora da London College of Fashion para Inês passar dos desenhos à profissionalização. Natural de Lisboa, tem 27 anos e está empenhada em provar a qualidade do empreendedorismo made in Portugal. O projeto Guava teve início em 2010, quando a designer Inês Caleiro residia nos EUA. Antes disso tinha estado durante quatro anos em Londres, onde foi convidada para trabalhar na Jimmy Choo depois de ter sido a vencedora do "Best Student Award" na London College of Fashion. É formada em Design Gráfico (IADE, Lisboa) e em Moda e Produto (London College of Fashion). Guava (goiaba) é o fruto preferido da designer - daí o nome da marca.
Como foi trabalhar na marca Jimmy Choo? A excelência foi uma das principais influências na Jimmy Choo. Éramos uma equipa pequena e super dedicada. O requinte fazia parte da envolvência do nosso trabalho e isso foi uma excelente base e influência para o meu trabalho como designer.
Sempre pensou em trabalhar na área do calçado, ou foi uma coincidência?
Surgiu sem me aperceber. Curiosamente, desenhava muitos sapatos durante o meu processo criativo e nos meus cadernos de desenhos, mas nunca levei isso a sério. Até que, em Londres, na London College of Fashion, a minha tutora foi a principal impulsionadora e responsável pelo desenvolvimento dessa minha paixão/carisma pelo calçado.
Também fez trabalhos na área da joalharia e do mobiliário... Não a apaixonaram o suficiente? Ou pensa, no futuro, voltar a alguma destas áreas?
A joalharia esteve sempre muito presente no meu percurso. Estudei joalharia num pequeno atelier em Lisboa durante a faculdade e sempre foi a área que mais desenvolvi em termos artísticos e profissionais em Londres. A área de design de produto foi uma experiência que me fascinou e pela qual tenho, também, uma enorme paixão, uma vez que é possível desenvolver formas e conceitos geométricos que são a base de todo o meu trabalho. É possível que essas áreas venham a estar presentes no futuro da Guava.
Quando começou a pensar no projeto da marca Guava, nos EUA, pensou logo em regressar a Portugal?
Sim, fazia todo o sentido para mim estar em Portugal para começar o projeto, uma vez que temos uma excelente indústria de calçado. Era também um bom pretexto para regressar ao meu país, trazendo comigo toda a aprendizagem que bebi lá fora e implementar um projecto empreendedor 'made in Portugal'.
Não a assustou o regresso numa altura de crise?
A crise já existe em Portugal há muito tempo. Se não formos nós, jovens criativos e empreendedores, a trazer uma lufada de ar fresco ao nosso mercado económico, estaríamos todos a desistir de Portugal. Creio que ideias boas não faltam. Regressar num momento difícil é, sem dúvida, um desafio. Mas também é uma excelente oportunidade de arriscar e provar a qualidade do que se faz bem em Portugal.
Como tem sido trabalhar aqui?
Um desafio! Sempre trabalhei fora do país, e trabalhar em Portugal é uma aprendizagem constante. Para o bem e para o mal... Temos muitas arestas a limar em Portugal, quer a nivel de gestão, produção, de incentivos e exigências. Mas temos todas as ferramentas para atingir a excelência se todos trabalharmos no mesmo sentido.
Qual o seu designer internacional preferido?
Não tenho um designer preferido, mas sim nomes de personalidades que para mim representam muito mais do que designers: Alvar Aalto, Mies Van der Rohe, Oscar Niemeyer, Picasso, Frank Lloyd Wright, entre outros.
Qual o arquiteto que mais admira?
Le Corbusier. Representa mais do que um arquitecto, mas também uma era.
Qual a marca de sapatos preferida?
Para além da Guava... Tenho algumas referências de marcas/designers como Finsk, Marloes Ten Bhomer e Zuzana Serbak.
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